Sobre o projeto "Muito mal encarado para ser Cristo"
“Muito Mal Encarado Para Ser Cristo” nasce a partir de um comentário feito por uma mulher branca a um autorretrato de Blecaute enquanto Cristo, partindo da perspectiva de um jovem negro e periférico acerca das particularidades e subjetividades fortalezences que ao reconhecer nestes corpos negros a imagem do divino o artista concretiza o que ele denomina de “sincretismo barroco”, questionando a imagem de Cristo e de seus apóstolos enquanto historiografa e eterniza através da arte as vivências de pessoas excluidas da História. Acreditando que o colonialismo foi e é baseado em dualismos onde o dominador é o santo heróico, a própria imagem de Deus, enquanto o dominado é o demônio vilanesco que é semelhante a Caim, pois assim, mantendo essa imagem do bom e do mal, se é permitido cometer qualquer barbárie em nome da razão, do bem e da santidade contra estes que sequer são humanos, assim, ao reconhecer no estereótipo do mal encarado a possibilidade de, questionando a imagem destes que são divinamente brancos, narrar diversas realidades de corpos negros africanos em diáspora, suas subjetividades que tentam apagar, sua espiritualidade que buscam enterrar para concretizar ainda mais o colonialismo, a identidade e histórias que querem matar pois assim também matam quem somos e, enfim, a divindade que buscam apagar para não reconhecer em nossos algozes a real imagem do mal.